quinta-feira, novembro 03, 2005

Ele existe, logo amo!


Amo o outro não segundo as suas qualidades (contabilizadas), mas segundo a
sua existência, por um movimento que podeis dizer místico; amo, não o que ele é,
mas o facto de ser.

Roland Barthes, "Fragments d'un discours"

Sim, eu sei que é um tema polémico. Que milhões de pessoas em todo o mundo e ao longo do tempo o tentam descrever. Melhor ainda, há definições tão díspares que nem parece que estamos a falar do mesmo sentimento. A dos poetas sempre me pareceu muito boa. Mas depois percebemos que a grande parte deles quando descreve o amor, descreve o sofrimento dele decorrente, o inatíngivel, o contrariado, o teatral dramático. Uma parte dele. Mas uma parte que demonstra um pouco a sua essência: não é pelo facto de ser contrariado ou impossível que o amor deixa de existir. Ou seja, o amor sobrevive a situações adversas que contrariam os contos de fadas... Ou seja, independentemente de condições óptimas existentes ou não, ele está lá. Depende pois do quê? Da existência do ser amado!

Para mim o amor é simplesmente isto: não amo as qualidades e os defeitos. Não amo os olhos verdes ou castanhos e o cabelo preto ou louro. Não amo a paciência ou a expontaneidade. Amo determinada existência. Não gosto de repartir, não gosto de parcelar. Amo holisticamente, mesmo quando fico triste com quem amo. Porque sei que um dia vou deixar de ficar triste, porque a sua existência basta-me para amar.

E quando falo em amar, estou a ir para além do amor romântico. Amo mais pessoas para além do meu namorado. O amor é algo bem mais transcendental do que a paixão e o desejo, ainda que os possa conter.

Felizmente eu amo!

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