quinta-feira, junho 21, 2007
Não há coisa mais simples do que isto
Sobre o amor
Sobre o amor.
O amor é aquela coisa louca a que só os loucos têm direito, sem que isso contribua para aumentar a sua loucura.
O amor é a pedra que saltita no charco das andorinhas, e que se afunda quando já se coloca fora do alcançe da praia.
O amor é um avião de papel onde todos deixam a sua assinatura.
O amor é um poema de estrofes infinitas.
O amor é como a lágrima que derramamos quando nos entra poeira para os olhos, sem que os olhos sejam necessariamente olhos, a poeira necessariamente poeira e a lágrima necessariamente lágrima.
O amor é a folha caída de outono; todos a pisam, e todos a ouvem ser pisada.
O amor é olhá-lo de frente, e detestá-lo.
O amor é contar quantas estrelas há no céu, só para saber quantas reflectem o olhar da pessoa amada.
O amor é um voto de silêncio quebrado com um beijo.
O amor pode ter vários nomes, mas o original é anónimo.
O amor refugia-se nas sombras mais escuras, apenas pelo prazer de as iluminar.
O amor esconde-se nas paisagens mais secretas, apenas pelo prazer de ser encontrado.
O amor é a lâmina afiada de uma faca que nos corta e a seguir nos trata a ferida.
O amor é da cor violeta.
O amor cheira a carmim e a incenso.
O amor sabe a mel, amargo.
O amor é hermafrodita para que homens e mulheres se reflictam ambos nele.
O amor, para ser amor, tem que gostar de ser amor; caso contrário torna-se enfadonhamente complexo e de complexidades está o mundo cheio.
O amor é, ao pôr do sol, uma fotografia pintada.
O amor é pobre. Se fosse rico era desejo.
O amor é abandonar tudo pelas costas, dar dois passos e encontrar tudo de novo à nossa frente.
O amor é uma doença que não queremos tratar.
O amor, simplificado: é amor. E não há coisa mais simples do que isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Mensagem mais recente
Mensagem antiga
Página inicial
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário