quarta-feira, maio 09, 2007

Percursos

Por questões profissionais estou agora 4 dias da semana a trabalhar na baixa do Porto. Como tenho de lá estar às oito e meia, não sou nenhum ás do volante e o dinheiro custa-me a ganhar para o deixar ao desbarato em garagens e parques de estacionamento, opto por ir de autocarro.
E é nestas viagens que me apercebo que com o tempo tornei-me um "animal" de hábitos. Invariavelmente sento-me sempre do mesmo lado. Ok, ok, sento-me no mesmo lado para não levar com o sol directamente nos olhos... Mas pronto. Serve a coisa do animal de hábitos para vos garantir que todos os dias que passo naquele prédio junto às Andresas, olho para aquela janela e ei-lo sempre lá, a caminhar de um lado para o outro num parapeito de uma janela com o estore interior ainda para baixo: um siamês. Como o prédio fica em frente a uma paragem e ao pé de um semáforo, seja por um motivo, seja por outro, o autocarro acaba sempre por parar ali. E lá está ele sempre... Passa de um lado ao outro do parapeito, desaparece e daí a nada volta a passar. Se calhar é um tipo de ritual. Mas é estranho. Mas também sempre que lá passo olho para lá para ver se lá está a passear-se e a reconhecer, desta forma o meu próprio caminho. Se ele olhasse para fora e para o autocarro também veria que quase sempre à mesma hora passa aquele autocarro, com a mesma pessoa lá dentro, quase sempre sentada no mesmo local e a olhar para ele... Cada qual tem o seu próprio percurso. E não é que o meu e o daquele gato coincide àquela hora do dia e naquele momento?!

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